Afinal, o que é a graça?

Para algumas pessoas, essa pergunta talvez seja um tanto quanto simples de responder, mas tenha certeza de que isso não é algo unânime.

Há 8 anos sou evangélico e vivo na mesma congregação, mesma doutrina e tudo mais. Não sei definir ao certo se ela é tradicional ou pentecostal, mas ouso dizer que se aproxima mais do segundo. Resumindo, fui apresentado a um conjunto de ideias e nele permaneci até pouco tempo atrás (não, não saí desta congregação, apenas tenho mudado a forma de pensar sobre alguns assuntos).

Após alguns anos nesta congregação, algumas coisas aconteceram e minha família (que era toda de lá) passou a ter representantes em outras denominações. Ao visitar a igreja a qual minha irmã estava frequentando, percebi que lá o "dialeto" era um pouco diferente, muito se falava sobre a graça, algo que eu não percebia onde frequentava. No tempo, achei, no mínimo, estranho, mas ficou só no pensamento mesmo, nada além de uma curiosidade.

Há algum tempo, tenho aumentado a frequência dos meus estudos na área da teologia (foi desse aumento que surgiu a ideia do Verbus) e tenho compreendido o sentido de algumas coisas que antes não conhecia, entre as quais se encontra a graça, por isso quero explanar um pouco mais esse conceito por aqui.

Vamos começar de uma forma simples, observando o que já sabemos: nós usamos o termo "graça" no nosso dia a dia, de uma forma até natural, quando você diz que o certo produto é "de graça". Quando falamos isso, o que estamos querendo dizer? Resumidamente, que não precisamos pagar nada para obter aquilo, ele não custa nada. Esse é o mesmo conceito de graça no meio "religioso", normalmente definido como "favor imerecido".

Para que possamos ir um pouco mais a fundo no conceito de graça, vamos voltar um pouco e entender uma ideia que já discutimos aqui em um texto há algum tempo (leia-o aqui): o ser humano foi, desde o pecado de Adão, separado da glória de Deus. Adão foi criado à imagem e semelhança de Deus (Gn 1:27) mas, juntamente com a mulher, pecou (Gn 3:6) e assim corrompeu a sua natureza, que era pura, deixando de levar consigo a imagem e a semelhança do Deus puro e santo que havia o criado. Essa corrupção foi passada a toda humanidade quando eles passaram a "crescer e se multiplicar", ou seja, toda a descendência de Adão também está corrompida e separada de Deus (Rm 3:23), uma prova facilmente perceptível desse fato é a submissão natural que todos nós temos à morte (Gn 2:17).

Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram.

Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram.
Romanos 5:12

Romanos 5:12

Ou seja, toda a humanidade está separada do Deus que a criou por causa da nossa desobediência aos seus mandamentos. E, além disso, o pecado faz com que a ira de Deus esteja sobre a humanidade (Ef 2:3). Como o próprio Deus disse a Adão quando deu o mandamento sobre não comer à fruta proibida do jardim: "certamente morrerás" (Gn 2:17), tudo o que merecemos do nosso Deus é a morte, se observarmos o quanto temos desobedecido aos Seus mandamentos, perceberemos o quanto somos merecedores da morte, "pois o salário do pecado é a morte" (Rm 6:23).

Diante de toda essa situação, onde se encontra a graça? A graça está, justamente, no fato de que Deus deu a uma parte da humanidade algo que não é merecido: a vida eterna. Além de ter conhecimento do quão falho somos, do quanto temos desobedecido aos Seus mandamentos, Ele mandou alguém puro para que morresse em nosso lugar e assim fôssemos libertos da culpa que tínhamos pelos nossos pecados. Esse "alguém" foi Jesus Cristo, o único filho do nosso Deus.

Quando cremos que não somos merecedores da bondade de Deus, que sozinhos não conseguimos nos livrar da condenação da morte pelos nossos pecados e que no momento da sua morte Cristo estava levando sobre Si toda a culpa dos nossos erros, Deus nos perdoa e nos dá a oportunidade de sermos chamados Seus filhos. É assim que voltamos a ter a ligação com o nosso Deus que havia sido perdida por causa do pecado. Esse perdão que recebemos de Deus, a vida eterna é o maior exemplo que podemos dar de graça.

Existem ainda algumas diferenciações que podemos fazer aqui sobre a graça, mas isso é algo que pode ser feito em materiais posteriores, algo que é interessante explanarmos aqui é a diferença entre graça e misericórdia, que são conceitos frequentemente confundidos. Como vimos, a graça é um favor, um presente, algo que é dado sem que exista merecimento por parte do receptor. Já a misericórdia consiste no "não castigo", ou seja, além de todos merecermos a morte a todo momento, Deus age com misericórdia nos dando oportunidades de mudarmos, de nos arrependermos de como estamos vivendo, de reconhecermos que a morte do Seu filho na cruz é a única forma de sermos libertos do pecado e da morte eterna.

Ainda temos muito o que falarmos e aprendermos, mas penso que já consegui transmitir a ideia que tinha com esse texto, que é mostrar basicamente o que é a graça. Breve publicarei mais alguns conteúdos complementando e ajudando na nossa compreensão deste assunto.

Por Arlan Dantas

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